O Festival das Marias – Festival Internacional de Artes no Feminino apresenta, em Santiago do Cacém, dois espetáculos, no palco do Auditório Municipal António Chainho, onde a visão sobre a mulher e o seu corpo perante a sociedade, e a ligação, ancestral, à mãe natureza como um refúgio onde a essência feminina se encontra são expressas através da dança, da poesia e da música.
O “Ballet Contemporáneo” de Burgos, Espanha, traz, sábado dia 6 de novembro pelas 21h30, o espetáculo “Esta no es una historia de mujeres”. Uma performance multidisciplinar que mostra de forma muito subtil o vislumbre de sensações que despertam corpos provocadores numa sociedade onde os cérebros só têm sexo, e onde tópicos femininos recriam sonhos lésbicos comuns aos indivíduos “machos”. Existem outras realidades quando tratamos de nos expressar através do movimento e que se refletem no cérebro, nunca nos sexos, e nisso a dança sempre foi clara. Tudo gira em torno de uma igualdade questionável. Com estas mulheres NÃO.
No dia 10 de novembro pelas 21h30, a chilena Francesca Ancarola apresenta o espetáculo “Tiempo” que surge da musicalização da poesia de Gabriela Mistral, em particular da obra poética e do último livro publicado antes da sua morte. Estes versos falam em grande parte de uma imagem mais serena da sua obra literária, onde revela abertamente o seu desejo constante de regressar à vida rural, universo que ela lembrava com grande apreço e nostalgia. O retorno à vida na natureza como valor recuperado, após a devastação e a falta de consciência do ser humano e das suas cidades. A obra musical de Francesca Ancarola remonta aos primórdios criativos da compositora, cantora e instrumentista, ao realizar uma primeira parte da obra de Gabriela Mistral como uma tarefa para sua aula de composição musical.
O Festival das Marias é promovido pela Associação Lendias d’Encantar, decorre em Beja, Aljustrel, Mértola, Santiago do Cacém e Grândola, de 4 a 13 de novembro, com diversas propostas nas áreas artísticas. Potencia, também, parcerias e dá continuidade ao trabalho entre municípios e agentes culturais iniciado pelo FITA – Festival Internacional de Teatro do Alentejo. Coloca, ainda, em evidência o trabalho sistemático realizado no EntreMarias, uma comunidade que visa o empoderamento feminino, através da partilha de experiências, recursos e histórias de vida.