Em cerimónia solene realizada no Auditório do Casino Estoril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entregou o Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural a José Pacheco Pereira. No mesmo evento, foram igualmente atribuídos os Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luís, instituídos pela Estoril Sol e relativos a 2023, às escritoras Lídia Jorge e Francisco Mota Saraiva, respetivamente.
No seu discurso, o Presidente da República destacou a importância da Estoril Sol na promoção da cultura em Portugal. “Esta casa acolheu, de forma fraternal, ao longo de décadas, a cultura nacional e internacional, não só na literatura, mas também nas artes plásticas, música e teatro. Uma menção especial é devida a Mário Assis Ferreira, por ter sido o símbolo dessa coerência e dedicação. O meu reconhecimento vai para uma vida devotada à cultura, de forma intensa e apaixonada, por vezes discreta, mas sempre com consistência”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Guilherme d'Oliveira Martins, presidente do júri, destacou o mérito das obras vencedoras. Sobre "Misericórdia", de Lídia Jorge, vencedor do Prémio Fernando Namora, referiu tratar-se de “um livro que se espera de uma grande escritora, uma obra de grande relevância na sua bibliografia”. Quanto a Francisco Mota Saraiva, galardoado com o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís pela obra “Aqui Onde Canto e Ardo”, sublinhou “a riqueza vocabular e a interseção com figuras da cultura ocidental, que conferem ao texto uma maturidade estilística de notável alcance literário”. Sobre José Pacheco Pereira, vencedor do Prémio Vasco Graça Moura, destacou o seu percurso na preservação do património cultural e histórico português, com especial menção ao seu trabalho na criação da Biblioteca e Arquivo Ephemera, que reúne documentos fundamentais para a compreensão da história política do país.
Após a entrega dos prémios, Lídia Jorge expressou a sua satisfação, afirmando sentir “alegria” pelo galardão: “só tenho de agradecer que a minha obra tenha sido distinguida com o Prémio Fernando Namora, passando a integrar a sua valiosa genealogia. Espero que este prémio continue por muitos mais anos”.
Francisco Mota Saraiva, por sua vez, destacou a relevância de entidades como a Estoril Sol e a Gradiva, que “há mais de 16 anos mantêm a sua aposta no poder das palavras, homenageando o nome único de Agustina Bessa-Luís”.
Por fim, José Pacheco Pereira revelou que o Prémio Vasco Graça Moura será colocado ao serviço da Ephemera, considerando este um “trabalho de militância pela memória”, com a convicção de que “ao trazer o passado para o presente da democracia, oferecemos a única esperança possível de uma vida melhor, como se dizia antigamente: mais paz, mais pão, melhor povo e mais liberdade”.
Na abertura da cerimónia, Mário Assis Ferreira, em representação da Estoril Sol, destacou a importância deste evento para a empresa, que sempre viu na cultura um complemento natural da sua atividade. “Apesar das dificuldades dos últimos anos — desde a pandemia até à concorrência feroz do jogo online e as novas exigências contratuais —, a Estoril Sol manteve, contra a corrente, a atribuição anual dos seus Prémios Literários, o que faz parte do ADN da empresa. O nosso investimento na cultura tem sido constante e integra uma linha conceptual que nos define, valorizando a Literatura, as Artes e o Entretenimento. Sem essa ligação profunda à cultura, perderíamos a oportunidade de retribuir o que devemos ao turismo e à cidadania”, concluiu.