O compositor Fernando Lopes-Graça vai ser evocado em Tomar, a propósito dos 115 anos do seu nascimento nesta cidade, com dois concertos e o lançamento de um livro, numa iniciativa da Casa Memória, espaço criado pelo Município no edifício da Rua Dr. Joaquim Jacinto onde nasceu a 17 de dezembro de 1906, que pretende divulgar a sua obra e reforçar a sua memória e ligação afetiva à comunidade tomarense.
A iniciativa foi apresentada esta manhã em conferência de imprensa na Casa-Memória coma presença do vice-presidente da Câmara, Hugo Cristóvão, do coordenador da evocação, António de Sousa, e de Simão Francisco, da Canto Firme.
A programação estende-se por três dias, dirigindo-se a públicos diferenciados. Na sexta-feira, dia 17 de dezembro, pelas 21h30, no Cine-Teatro Paraíso, realiza-se o concerto “Inspirações”, pela Orquestra Sinfónica Tomarense, dirigida por Simão Francisco.
Começará por ser interpretada a peça “Ma Mére”, op.30, de Nelson de Jesus, jovem compositor que foi aluno de Sérgio de Azevedo, um dos discípulos de Fernando Lopes-Graça. “Ma Mére” é uma encomenda da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, peça em forma contínua, embora dividida em três partes distintas, cada uma baseada numa canção de embalar, e que será apresentada e comentada, previamente, pelo próprio Nelson de Jesus.
Segue-se o “Minueto da Sinfonia Militar n.º 100”, de Joseph Haydn. Esta audição releva para a única citação de Lopes-Graça na sua Sinfonieta, dedicada precisamente ao compositor austríaco, e que fechará o programa.
“A Sinfonieta (Homenagem a Haydn), op.220” foi encomendada pela Fundação Calouste Gulbenkian, com uma primeira apresentação pública em 1980, tendo sido revista em 1985, na forma em que será ouvida neste concerto.
Trata-se de uma pequena sinfonia, escrita para uma orquestra clássica com madeiras, trompas e trompetes aos pares, tímpanos e cordas. Está estruturada nos quatro andamentos clássicos, com a qual Lopes-Graça presta homenagem a Haydn.
A evocação de Fernando Lopes-Graça, assim como a apresentação e comentários destas duas obras, estará a cargo de António de Sousa.
Será, pois, um concerto sinfónico, com Lopes-Graça como compositor e “inspiração musical”, interpretado por uma Orquestra Sinfónica residente em Tomar e dirigida por um músico tomarense, Simão Francisco, maneira excelente de evocação do compositor tomarense.
No sábado, dia 18, pelas 11h00, a Casa Memória Lopes-Graça abrirá as suas portas com uma pequena exposição temporária de alguns objetos do seu acervo, a enquadrar a sessão de apresentação de um livro que aborda o período de juventude do compositor.
“O Meio musical de Lopes-Graça – I – Memórias Musicais de Tomar – 1900-1931” é uma obra com dezenas de fotografias tomarenses do início do século XX, abordando as instituições, os espaços, os músicos e os programas musicais de então que enquadraram, de alguma forma, a formação e atividade musical do futuro compositor.
O ponto de partida deste livro foi uma exposição organizada na Casa Memória, em 2009, “A Divina Arte em Tempo de Mudança”, devidamente alargada e complementada com mais fotografias, documentos e ainda textos de António de Sousa.
Finalmente, no domingo, dia 19, pelas 17h00, esta evocação de Fernando Lopes-Graça termina na coletividade de que é Sócio Honorário, a Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina, com um concerto pelo Coro Canto-Firme, cujo programa é constituído por obras corais do compositor (canções regionais e heróicas) e também algumas canções de câmara, interpretadas por dois coralistas, Âzadéh Éhssán (canto) e Tiago Santos (piano).