Devido à importância do património concelhio e à necessidade da sua salvaguarda, o Município de Viana do Alentejo viu aprovado o relatório final da Carta Arqueológica e Patrimonial do Concelho.
O conhecimento e a valorização do património arqueológico é de elevada relevância, constituindo a Carta Arqueológica um instrumento de referência que permite salvaguardar, estudar, valorizar e proteger um dos traços identitários da memória do Concelho de Viana do Alentejo.
A Carta Arqueológica do concelho foi promovida pelo Município de Viana do Alentejo no âmbito de uma candidatura ao subprograma 3 do PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural, através da associação Terras Dentro. O trabalho de investigação foi efetuado pelo arqueólogo Ulrico Galamba, diretor científico do projeto, e pelo também arqueólogo e historiador Francisco Baião, que assegurou que, apesar do território ser dotado de “abundantes recursos naturais propícios à fixação de grupos humanos desde tempos recuados”, não era conhecida a sua real dimensão, dada a “quase total ausência de estudos”.
O arqueólogo garantiu ainda que nos dados disponíveis na base de dados patrimonial Endovélico, da responsabilidade da Direção Regional de Cultura do Alentejo, apenas estavam registados 22 sítios com potencial arqueológico.
Durante os trabalhos de prospeção para a realização da carta, a equipa de arqueólogos efetuou “120 saídas de campo e perto de 1500 quilómetros” num total de “464 registos” distribuídos pelas três freguesias e pelos diferentes tempos históricos, nomeadamente pré e proto-história, período romano, idade média (islâmica e cristã), idade moderna e idade contemporânea.
Segundo este responsável, além de ser “uma visão panorâmica sobre a ocupação humana de um território” o documento deve também ser tido “em linha de conta aquando de qualquer revisão ou alteração do Plano Diretor Municipal”.
No decorrer dos trabalhos, a equipa de arqueólogos deparou-se com algumas dificuldades, mas também com algumas surpresas, nomeadamente a identificação de um fragmento de menir na Herdade do Pocinho, “um testemunho da chamada cultura megalítica”, afiançou Francisco Baião, revelando que este se encontra exposto no Núcleo Museológico de Viana do Alentejo, graças à autorização do dono da herdade.
Já as maiores dificuldades prenderam-se com a “identificação dos proprietários dos muitos prédios urbanos” espalhados pelos quatrocentos quilómetros quadrados de área do concelho de Viana, bem como a “autorização para o acesso aos mesmos”. Mas, também, a “identificação de algumas estruturas e artefactos e o seu enquadramento num determinado período temporal e histórico”, revelou.
De salientar que a Carta Arqueológica esteve na base de uma exposição temporária que se encontra patente no Núcleo Museológico, situado na Praça da República, em Viana do Alentejo.