“Bota Filipe o pioneiro” é o nome da exposição de obras deste artista falecido há mais de um ano, que vai estar patente ao público no Convento de Santo António, em Loulé, de 17 de setembro a 20 de novembro, com curadoria de Cândida Paz e Charlie Holt.
Esta especial e eclética exposição celebra o trabalho e a vida de António Bota Filipe, um homem único em todos os aspetos que foi o fundador do Centro de Arte Contemporânea ZEFA, em Almancil, espaço alternativo para a arte e para os artistas.
Esta exposição reúne diferentes aspetos da sua obra, o que nos dá uma visão sobre a natureza visionária dos seus pensamentos e das artes visuais ao longo dos anos.
A inauguração está marcada para as 18h00 desta sexta-feira e a exposição poderá ser visitada no seguinte horário: de terça-feira a sábado, das 10h00 às 16h30.
Natural de Vale d’Éguas, Almancil, onde nasceu a 17 de dezembro de 1930, António Bota Filipe Viegas fez o ensino primário em Almancil, a Escola Comercial em Faro e o Instituto Comercial em Lisboa, ingressando, depois, na Academia Militar onde foi graduado em oficial, tendo sido posteriormente colocado na Administração Militar. Em pleno período de guerra colonial, foi destacado para missões de combate em Moçambique e em Timor, país onde, segundo o próprio, despertou a sua enorme “criatividade brutal”.
Após se reformar do exército, dedicou-se às artes, tendo estudado pintura, desenho, gravura, cerâmica e escultura no IADE e no Ar.Co, ambos em Lisboa, durante a década de 80. Em 1991, foi bolseiro em S. Paulo (Brasil) e professor convidado no Ar.Co em 1992.
Regressou à sua terra natal em 1993 tendo construído num terreno que pertenceu à sua avó Josefa, ou simplesmente Zefa, um Centro de Arte Contemporânea com fundos integralmente seus, perpetuando, pelas artes, o nome da sua ascendente.
No ZEFA – Centro de Arte Contemporânea, deu largas ao seu potencial criativo, tendo ainda convidado diversos artistas plásticos para se associarem ao projeto, o qual, para além de ter proporcionado a realização de diversas exposições com entrada gratuita, foi inspirador para a realização de uma curta-metragem, bem como para o desenvolvimento de uma tese de mestrado. Quis também registar de forma indelével a sua presença “terrena” noutros locais, tendo para o efeito sido o autor de um conjunto significativo de pinturas no Morgado de Salir.
De destacar, também, o seu contributo para a valorização do calçadão da cidade de Quarteira, uma vez que Bota Filipe foi o autor dos desenhos de calcetaria inscritos naquele espaço público e que tanta beleza lhe dão.
Foi um homem sempre atento à contemporaneidade cultural, facto que o levou a frequentar, em 2007, numa fase já tardia da sua vida, um curso de Artes e Programação Cultural no Instituto Universitário D. Afonso III em Loulé.
Bota Filipe faleceu em maio de 2020.