Dois concertos no Convento de Jesus, ao fim da tarde, e três na Praça de Bocage, à noite, abriram ontem o programa musical da oitava edição da EXIB Música 2002, que decorre até sábado em Setúbal com duas dezenas espetáculos gratuitos.
O programa musical do evento organizado pelo Exibproject e pela Câmara Municipal de Setúbal abriu às 18h00, nos claustros do Convento de Jesus, com a atuação do Proyecto Chimú, um trio influenciado pela música popular composto pelos argentinos Juan Iñaki, cantor e compositor, e Pablo Farhat, violinista, e pelo percussionista venezuelano Ivan Garcia.
Uma hora depois, o quarteto portuense Amara Quartet, fundado em 2020 e com uma recente presença na segunda edição do She Arts Festival, no Cairo, destinado à divulgação de artistas mulheres, atuou na Igreja de Jesus.
Ana Ferreira, na voz, Sónia Sobral, no acordeão, Joana Almeida, na guitarra clássica, e Susana Castro Santos, no violoncelo, exploraram a tradição melancólica do fado combinada com sons do folclore português, da música de câmara e da música contemporânea.
O programa do palco montado na Praça de Bocage teve início às 21h00 com o espetáculo dos Aguamadera, um duo argentino baseado em França, formado por María Cabral e Marco Grancelli, que apresentou ritmos do folclore sul-americano com composições inspiradas em géneros como a chacarera argentina, zamba ou huayno, a valsa peruana, joropo, merengue e a gaita zuliana venezuelana.
Seguiu-se o concerto do intérprete, compositor e produtor português Manuel Maio, a celebrar dez anos de carreira, que trouxe a Setúbal as sonoridades acústicas do novo disco a solo “Sem Olhar ao Tempo”, uma obra autobiográfica que faz uma reflexão sobre a atualidade.
Manuel Maio inspira-se em particular na música popular portuguesa, mas também nas músicas atuais e do mundo, com particular destaque para a utilização dos sons da guitarra espanhola e das percussões africanas.
O dia fechou com o concerto do quarteto espanhol Ailá, da Galiza, que parte das recolhas das canções de transmissão oral daquela região espanhola para construir um som moderno e contemporâneo, com ritmos dançáveis, que os levou a, em 2020, ganharem o concurso de música tradicional galega Interritmos Sons do Rural e a representarem a Galiza no festival Celtic Connections, na Escócia.
A oitava edição da EXIB Música apresenta sonoridades que vão do zamba argentino ao fado, passando pela nova MPB do Brasil, pela milonga uruguaia, pelos ritmos afro-peruanos, pela canção latino-americana, pelas gaitas de foles, pelos cuatros, pela percussão basca e pelas batidas eletrónicas, podendo o seu programa completo ser consultado em https://www.exibproject.org/exibmusica2022.
A EXIB Música posiciona-se como uma mostra cultural que, anualmente, reconfigura o seu formato em busca do seu próprio modelo, trazendo elementos de mercados tradicionais, feiras e festivais de música, para a tornar uma experiência de colaborações a partir da convivência entre artistas, programadores, comunicadores e o público.
A edição de 2022 tem enfoque na cultura colaborativa, na cocriação e na economia circular como uma alternativa para a internacionalização e difusão das músicas ibero-americanas.
Além dos espetáculos musicais, o evento proporciona o desenvolvimento de contactos profissionais ligados à divulgação e internacionalização das expressões musicais ibero-americanas no II Congresso de Música e Cidade, apoiado pela Direção-Geral das Artes, que apresenta o desafio de identificar as chaves gerais que desencadeiam o desenvolvimento das indústrias criativas ligadas à música nas cidades.
O encontro decorre nos dias 13 e 14, das 11h00 às 14h00 no Espaço Inatel, e das 15h00 às 17h00, na Casa da Cultura, com um conjunto de iniciativas associadas.
A gastronomia também faz parte da oitava edição da EXIB Música, com a partilha de sabores da Venezuela, México, Argentina e Brasil num evento de street food a realizar na Praça de Bocage, nos dias 13, 14 e 15, das 18h00 às 23h59.