O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, considerou ontem a Arrábida um destino de excelência para o turismo de natureza, durante a cerimónia de assinatura de um protocolo dedicado à proteção, conservação e valorização do Parque Natural da Arrábida.
“O território Arrábida é um destino por excelência para a prática de turismo de natureza, dispondo de um riquíssimo património natural. Esta realidade confere-nos a todos uma responsabilidade acrescida na defesa do Ambiente, pois a singularidade científica do nosso património ecológico, ambiental e paisagístico eleva o grau de exigência e responsabilidade quanto à sua proteção e salvaguarda”, afirmou o autarca.
O protocolo foi assinado no âmbito do Encontro Sado-Arrábida, que decorreu no Forte de Albarquel, pelos presidentes das câmaras municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra – André Martins, Álvaro Amaro e Francisco Jesus – e pelo diretor regional da Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, Rui Pombo.
Com este acordo, as quatro entidades comprometeram-se a colaborar nos domínios da proteção, conservação e valorização da natureza e dos recursos naturais do Parque Natural da Arrábida, bem como a cooperar no desenvolvimento de estratégias para a regulamentação e operacionalização das atividades de turismo de natureza, de caráter desportivo, recreativo, de lazer e culturais.
As partes acordaram ainda desenvolver projetos que promovam a dinamização do turismo de natureza em articulação com a conservação, valorização e usufruto sustentável dos recursos naturais. Entre as ações previstas estão projetos de marcação, sinalização e manutenção de percursos pedestres, cicláveis e equestres, além da criação de suportes de comunicação e divulgação.
Antes da assinatura do protocolo, Pedro Ferreira, da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, apresentou a comunicação “Caminhar entre a Serra e o Mar – Apresentação da Rede de Percursos Pedestres do Parque Natural da Arrábida”.
Apoiado pelas três autarquias e financiado pelo Poseur – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, este projeto visa a valorização da visitação ao parque natural, através da instalação de sinalização interpretativa e de percursos pedestres, complementando três outros projetos anteriores dedicados à gestão de habitats, à conservação de habitats naturais e à redução da pressão sobre a vegetação e fauna locais.
No âmbito dos percursos pedestres, serão criadas sete pequenas rotas – quatro em Palmela e três em Sesimbra – totalizando cerca de 45 quilómetros. Haverá também uma Grande Rota (GR11), ligando a Costa Vicentina à lagoa de Albufeira e à paisagem protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, com cerca de 60 quilómetros.
Relativamente à sinalética, serão instalados 18 painéis de boas-vindas, seis mesas grandes, 14 painéis grandes, sete painéis pequenos e oito totens de regime de proteção, com informações sobre o Parque Natural da Arrábida.
O protocolo foi assinado no Forte de Albarquel no dia do 26.º aniversário do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, criado a 14 de outubro de 1998. A cerimónia assinalou também o 48.º aniversário do Parque Natural da Arrábida, fundado a 28 de julho de 1976, e o 44.º aniversário da Reserva Natural do Estuário do Sado, criada a 1 de outubro de 1980.
“Hoje encontramo-nos aqui sobretudo para continuar a valorizar o território Arrábida, que envolve os territórios dos concelhos de Sesimbra, Palmela e Setúbal, numa parceria alargada à Associação dos Municípios da Região de Setúbal e, naturalmente, ao papel fundamental que o ICNF representa na gestão das áreas protegidas situadas neste território”, sublinhou André Martins.
O autarca recordou que Setúbal se situa “entre territórios com imenso valor patrimonial e ambiental”, frisando que as três áreas protegidas “englobam 60 por cento do território do concelho e lhe conferem uma especificidade e atratividade muito relevante”, sendo a sua defesa “mais eficaz com trabalho em rede, em parceria”.
“O território da Arrábida é algo que nos é precioso e, por isso, é essencial defender os seus valores naturais, tornar este território mais resiliente, assegurar o desenvolvimento económico da região e, simultaneamente, elevar a qualidade de vida das suas populações”, sublinhou.
O presidente da Câmara destacou que a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera é “um excelente exemplo do trabalho em rede” desenvolvido “em defesa e promoção deste território”, manifestando a convicção de que a candidatura apresentada será “vencedora” e contribuirá para a valorização continuada do território.
“O turismo de natureza, com respeito pelos princípios da preservação e da conservação da natureza, é também uma peça basilar para a valorização e o desenvolvimento integrado e sustentado destes territórios”, acrescentou.
Por seu turno, Álvaro Amaro salientou a necessidade de “continuar a dar e a acrescentar valor àquilo que tem de ser ambientalmente protegido”, frisando que, “felizmente”, a Arrábida é cada vez mais procurada. “A pressão vai ser maior, mas com projetos desta natureza conseguimos proteger e potenciar os valores da Arrábida”, afirmou.
Francisco Jesus considerou que foi possível “encontrar um caminho para que um património que é de todos seja valorizado”, sublinhando que a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera resultará na partilha do espaço protegido com a comunidade, respeitando “algumas regras”.
Rui Pombo destacou o trabalho em parceria realizado pelo ICNF e pelas três autarquias na gestão e conservação do patrimônio da Arrábida.
Durante o encontro, houve ainda uma comunicação científica do biólogo e investigador Gonçalo Silva, da MARDIVE – Associação Ciência e Educação para a Conservação da Biodiversidade Marinha, intitulada “Cavalos-marinhos como espécies bandeira: uma oportunidade para a conservação”. Ester Serrão, investigadora do CCMAr – Centro de Ciências do Mar do Algarve, apresentou o “Projeto RESTORESEAGRASS – Conservação e restauro em grande escala de habitat de ervas marinhas criticamente ameaçado”.