Durante dois dias, a vila da Sertã foi o palco do que de melhor se faz de teatro de amadores na Península Ibérica, numa iniciativa que registou sucesso.
Com o apoio do Município da Sertã, nos dias 30 e 31 de outubro, o VIII Festival Ibérico de Teatro trouxe à Sertã peças de teatro em português e espanhol, numa organização conjunta da Federação Portuguesa de Teatro Amador e da A.Com.Te.Ser – A Companhia Teatral da Sertã. O evento reuniu equipas técnicas e artísticas de grupos de teatro amador de Portugal e Espanha, que passaram pelos palcos da Casa da Cultura da Sertã e do Cineteatro Tasso do Clube da Sertã.
No primeiro dia, dedicado a teatro em português, “Três Pancadas Improvisadas”, foi a primeira peça deste festival levada à cena na Casa da Cultura da Sertã. Os Plebeus Avintenses representaram peças com improviso e comédia à mistura, contando três histórias divertidas: o Pirata Espinhas de Bacalhau e as criadas Serafina e Cuenca, a Zeza das Moscas e os Limpa-Pós do Reino. “Ator aluga-se” foi a peça representada pelo Teatro Nova Morada no Cineteatro Tasso do Clube da Sertã. A peça transforma em comédia alguns dos dramas vividos pelos atores na atualidade. Um ator em desespero cria um novo conceito de teatro, alugando-se a si mesmo para interpretar personagens à escolha do cliente, sejam um amigo, um marido ou uma personagem histórica, vale tudo.
O segundo dia do festival foi dedicado ao teatro em espanhol. A companhia De la Burla trouxe “Brujas” (Bruxas) ao palco do Cineteatro Tasso do Clube da Sertã. Duas atrizes personificaram os fantasmas de duas bruxas, mortas por apedrejamento por práticas de aborto. Numa noite algures perto do Halloween, através de um portal numa árvore, os espíritos das bruxas recebem mensagens de que estão perdoadas e que, na verdade, alguns dos seus atos simbolizam a liberdade das mulheres e marcaram o início do feminismo. “Miserere” foi a peça que encerrou o VIII Festival Ibérico de Teatro, levada ao palco da Casa da Cultura da Sertã pelo grupo Jachas. Vencedora do XV Premio de Textos Teatrales Raúl Moreno Molero, esta peça é a “revelação de uma tragédia oculta em milhões de almas em todo o mundo”. Após o encontro acidental e inesperado de Briones e Gancedo, ambos regressam ao passado depois de anos em silêncio, revelando os aspetos mais sombrios da alma humana, os seus impulsos e as suas misérias.
De um modo geral, o festival obteve feedback bastante positivo, registando plateias bem compostas de público. A qualidade das peças e atores, assim como a escolha da Sertã para receber esta iniciativa, foram motivos de elogio.
Carlos Alberto de Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, agradeceu o empenho de todos quantos colaboraram na realização do VIII Festival Ibérico de Teatro. O autarca referiu ter dito logo “sim” no momento em que foi desafiado para acolher a iniciativa, que não pôde ser realizada noutro município por questões logísticas. O Presidente da Câmara Municipal da Sertã referiu estar aberto à realização deste tipo de iniciativas que promovam a cultura e frisou que as entidades culturais do nosso concelho “podem contar com o nosso apoio”. “Quero que a cultura seja uma marca do meu mandato: mais e melhor cultura”, sublinhou o autarca.
Valdemar Mota, Presidente da Federação Portuguesa de Teatro Amador, enalteceu o trabalho de equipa que possibilitou a realização do festival na Sertã. Deu uma palavra de agradecimento à Câmara Municipal da Sertã, que desde a primeira hora “pegou nesta atividade como se fosse uma coisa sua”. Aquele responsável deu também uma palavra de esperança para Portugal e Espanha que agora saem de “um momento tenebroso”, referindo que este tipo de iniciativas são também sinais de resiliência e superação.
José Martinez, representante da Escenemateur (Confederación de Teatro Amateur) recordou que este festival nasceu em Portugal com o objetivo de difundir a cultura em Portugal e Espanha. Referiu que o teatro amador não passa por um bom momento devido à Covid19, no entanto, “este festival é mais um sinal de que a cultura está de regresso”.
Zélia Machado, representante da A.Com.Te.Ser – A Companhia Teatral da Sertã e do Clube da Sertã, mostrou regozijo em poder acolher “estes actores que mostraram grande qualidade”. Referiu que todos se sentiram acarinhados pela Câmara Municipal da Sertã e pelo seu apoio à cultura, “porque a cultura faz a diferença e, no final, é o que levamos”. Zélia Machado acrescentou que a realização do VIII Festival Ibérico de Teatro na Sertã foi uma oportunidade para celebrar o 10.º aniversário da A.Com.Te.Ser.
Teresa Relvas, representante da Junta de Freguesia da Sertã mostrou-se bastante satisfeita pela realização deste tipo de iniciativas na Sertã, sendo um sinal do regresso à “vida normal”.
O VIII Festival Ibérico de Teatro contou com a parceria da Escenamateur – Confederación de Teatro Amateur e com os apoios do Município da Sertã, Clube da Sertã, Rádio Condestável e Jornal A Comarca da Sertã.
Esta iniciativa realiza-se anualmente, alternando Portugal e Espanha. Refira-se que a última edição teve lugar nas localidades espanholas de Mérida e Garrovilla em outubro de 2020. O Festival Ibérico de Teatro surgiu no V Fórum Permanente de Teatro de Amadores, realizado em Ansião (Portugal), em 2010, sendo a primeira edição realizada em 2014. A iniciativa tem como premissas mostrar o que de melhor se faz de teatro de amadores na Península Ibérica, enaltecendo o trabalho das companhias, ao mesmo tempo que proporciona reconhecimento público, partilha e intercâmbio de espetáculos e experiências, aproximando as companhias de ambos os países.