A consagrada escritora Lídia Jorge foi galardoada, por decisão unânime do júri, com o Prémio Literário Fernando Namora de 2023, uma distinção com um valor pecuniário de 15 mil euros atribuída pela Estoril Sol. A cerimónia de entrega do prémio decorreu na Assembleia da República, no dia 3 de novembro, data que coincide com o nascimento do pedagogo que dá nome ao prémio.
O júri, liderado por Guilherme D´Oliveira Martins, após uma cuidadosa avaliação das obras candidatas, reconheceu em "Misericórdia" uma narrativa de excecional qualidade literária, evidenciando uma escrita de notável criatividade. A personagem central, assim como as outras figuras e contextos sociais e emocionais que povoam a obra, são construídos com uma voz distintiva que reflete generosidade e humanismo, fazendo deste título uma peça fundamental no conjunto da obra literária de Lídia Jorge.
A deliberação do júri também destacou a qualidade literária de outros trabalhos concorrentes, nomeadamente "W. B. Yeats, Onde Vão Morrer os Poetas" de Cristina Carvalho, "Um Cão no Meio do Caminho" de Isabela Figueiredo, "História de Roma" de Joana Bértholo, e "Cadernos de Água" de João Reis.
Lídia Jorge, nascida a 18 de junho de 1946 em Boliqueime, no concelho de Loulé, é uma voz preeminente na literatura contemporânea. Desde cedo familiarizada com a narrativa oral através das histórias lidas em voz alta pela sua família, cultivou um profundo apreço pela leitura e pela escrita. A sua jornada educacional foi impulsionada pelo incentivo materno e pela concessão de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe permitiu licenciar-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa.
A obra de Lídia Jorge, que abrange temas como a condição feminina, a solidão, o legado colonial português e a emigração, tem sido amplamente aclamada e traduzida em mais de vinte idiomas. Dentre os seus numerosos prémios, inclui-se o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 2003 e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas 2020.
Lídia Jorge tem também desempenhado funções de relevo público, como membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social e do Conselho Geral da Universidade do Algarve, onde foi distinguida com o título de Doutora Honoris Causa.
O júri do prémio é composto por personalidades ilustres do meio literário e cultural português, reforçando o prestígio e a importância desta distinção no panorama literário nacional.