“Telesma e os Cavaleiros do Mar” é o nome da exposição de pintura e instalação, do consagrado artista plástico Luís Vieira-Baptista, que irá estar patente no Convento de Cristo, em Tomar, com data de inauguração marcada para 17 de junho, sábado, às 18h30, e até 15 de outubro.
Para esta inauguração, a entrada é gratuita, apenas se solicitando o envio de um e-mail para geral@ccristo.dgpc.pt a confirmar a sua presença, onde entre outras surpresas o nosso jornal apurou que do programa de inauguração constará uma atuação da Associação ThomarHonoris em que serão recreados os freires templários e alguma animação popular do século XII que inclui dança e música, assim como depois todo o percurso até à Sala das Cortes existirão várias instalações que surpreenderão os visitantes.
Quem é Luís Vieira-Baptista?
Nascido em Lisboa, em 1954, cedo se revelou a sua apetência para as Artes.
Por razões militares, tenha ingressado numa comissão de sete anos ao serviço da Marinha Mercante, onde se formou em Pilotagem no curso de Oficial Náutico. Mesmo assim ainda conseguiu entrar na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, para frequentar o curso de Desenho com Modelo Vivo, com a orientação do Escultor Quintino Sebastião. Expôs individualmente pela primeira vez em 1975, na Galeria de Arte do Casino Estoril.
Na década de oitenta foi viver para a Suíça, onde começou verdadeiramente uma carreira artística internacional: Zurique, Genebra, Paris, Roma, Toronto, Nova Iorque, etc. Regressou a Portugal em 1990 portador do conceito estético por si criado, o “Visionismo”, e formou dois grupos artísticos: o “Visionista”, onde foi apresentado em manifesto a referida estética (Convento do Beato, Lisboa 1991) e o “Artitude”, vocacionado para intervir em espaços públicos e patrimoniais com instalações de grande impacto: "Castelo de Leiria” (O Planeta Azul), “Mãe d´Água das Amoreiras”, Lisboa, (Ninfas do Tejo e outras deusas) e “A Divina Tragédia”, Museu de História Natural, em Lisboa, entre outras (1994/95).
No ano 2000 foi lançado na Feira Internacional de Arte Contemporânea, no Parque das Nações, em Lisboa, o livro/álbum monográfico “Visionismo ou as Sincronias do Acaso”, pela Hugin Editores. Em 2021 a Sociedade Estoril Sol editou o segundo álbum monográfico referente às pinturas visionistas do Séc. XXI.
Foi condecorado com a “Medalha de Mérito: grau Ouro” pela C.M. de Oeiras, em 2003, depois de edificar junto à praia de Sto. Amaro o monumento escultórico “À porta do mar: nave Visionista”. Desde 2017 que o Salão Nobre da Fundação Marquês de Pombal, em Linda-a-Velha, leva o seu nome, com obras suas em exposição permanente: Salão Nobre Luís Vieira-Baptista.
Nos últimos 47 anos fez mais de 50 exposições individuais e participou em largas dezenas de mostras coletivas e de grupo, tanto em Portugal como no estrangeiro. As últimas mostras individuais incluem Fundação D. Luiz I, Centro Cultural de Cascais (A vida em nós, 2018), em Moscovo, no Teatro Helikon, a convite da Fundação Tretyakov e no âmbito das celebrações dos 240 anos das relações comerciais e diplomáticas entre Portugal e a Rússia (Harmonia de Contrastes, 2019), no Aquário Vasco da Gama celebrando os 30 anos do Visionismo (2021) e no Palácio dos Aciprestres/Fundação Marquês de Pombal, “Viajantes no Tempo”, 2022.
As Câmaras Municipais de Lisboa, Oeiras, Cascais, Amadora, Sintra e Óbidos possuem obras suas, tanto em pintura (Museu do Mar em Cascais, Museu da Água, em Lisboa) como em escultura pública (Lisboa, Oeiras e Cascais), assim como alguns organismos oficiais e privados, portugueses e estrangeiros, nomeadamente:
Companhia de Seguros Zurich, Lisboa; SiMAS de Oeiras; Handel’s Bank Nat West, Zurique; Associação 25 de Abril, Lisboa; Fundação Millennium BCP, Banco Best, Fundação Marquês de Pombal, Fundação Champalimaud, Lisboa; Governo Regional dos Açores, Teatro Micaelense; Instituto Superior de Economia e Gestão, ISEG, Lisboa; Instituto Politécnico, Leiria; Sociedade Estoril Sol e Principado do Mónaco, colecção Príncipe Alberto II, Aquário Vasco da Gama, Museu de Marinha, Pavilhão das Galeotas e no Espaço Cultural da Marinha do Brasil.
Ainda acerca da exposição “Telesma e os Cavaleiros do Mar” que inaugura no próximo dia 17 de junho, em Tomar, no Convento de Cristo, às 18h30, partilhamos um texto de Conceição Vieira Coelho, curadora da exposição:
«Em momento de transcendência criativa, o artista vai ao passado buscar o espírito de missão dos Cavaleiros Templários, para através das formas difusas, da cor turquesa do oceano, em simbiose com a dos talismãs usados pelos Cavaleiros Medievais – crentes de que seriam protegidos contra as quedas de cavalo – para nos sensibilizar para um dos maiores problemas do nosso tempo: a poluição dos oceanos.
Sem o mar, a vida não existe!
E como ele próprio diz, ao evocar Voltaire, “Nunca a natureza é tão aviltada como quando a ignorância tem a arma do poder”.
Com base na mancha Visionista e navegando entre o naturalismo e o surrealismo, dá vida ao sonho, na ambivalência das imagens e nas suas conceções de âmbito sensorial.
Otimista e envolto em plácido romantismo, delicia-se com o inusitado, mas com premente desejo de real concretização, transformando os valorosos Cavaleiros do Sec. XII, em mergulhadores que em missão de resgate da vida marinha, lutam contra o depósito de lixo no fundo do mar.
A Geometria Sagrada e o Simbolismo são uma constante na sua obra, estando aqui muito presentes, tanto na estruturação espacial dos quadros, quanto na harmonização e significação dos elementos. Imagens plenas de luz, movimento e vibração, envoltas em símbolos, expressão de mistério, trazem de volta o Mundo Antigo que se cruza com o Mundo Novo, no desígnio da urgência da libertação.
Nas transparências, nas imagens difusas, na leveza ou na precisão do traço, em cada pincelada, em cada forma, em cada gesto, reconhecemos a indignação e o seu amor pela natureza.
Não sendo a arte a resposta para os problemas, o artista, ao transportar imagens reais para um ambiente de referências oníricas, pretende alertar, despertar e sensibilizar o espectador para uma reflexão.
Nesta exposição/instalação o pintor Luís Vieira-Baptista, presenteia-nos com uma miríade de sensações e estímulos, induzindo a imaginação do espectador a vivenciar um ambiente libertador, de imersão no fundo marinho, em comunhão com a melódica vibração das cores.
Com base na transcendência do pensamento, somos levados para uma dimensão de consciência que é inata em nós e é muito mais vasta do que o próprio pensamento. Deixe-se levar e com esta experiência, descubra o que está para lá do sonho.
A forma como vê a arte, reflete a sua própria essência.
Conceição Vieira Coelho – Curadoria»