A rubrica regular da Biblioteca Municipal de Loulé, “Livros Abertos”, do próximo dia 17 de fevereiro, pelas 18h30, contará com a presença de Salvador Santos, autor de “Selvagem”, que será aqui apresentada pela escritora Lídia Jorge.
A noite é mais clara do que o dia. Em “Selvagem”, o primeiro livro do autor, a voz angustiada do sujeito e a violência errática do discurso são acompanhadas pela presença constante da noite. A noite enquanto metáfora da dor, da cegueira do pensamento e da barbárie a que o homem regressa constantemente. A passagem do tempo – a ruína das coisas e a aproximação da morte –, o avanço continuado das cidades sobre o litoral e a agonia do mundo rural são alguns dos temas tratados no livro. Nos poemas comprometidos com o real nota-se uma sensibilidade lírica afetada pelo medo do futuro. O agravamento das desigualdades, as ameaças às liberdades fundamentais, a dissolução do passado e da memória, a destruição ambiental. “Selvagem” é a reação do autor à angústia de não encontrar, em si, ou ao seu redor, a capacidade para construir um mundo perfetível. O desejo de que a noite seja um raio de luz na claridade do dia.
Nascido em Chaves, em 1979, Salvador Santos vive no Algarve desde os 4 anos de idade, tendo crescido em Salir. Após estudar em Loulé rumou para Faro para frequentar o curso de Estudos Portugueses na Universidade do Algarve e por ali ficou a viver, tendo, entretanto, assumido funções de editor da “Sul, Sol e Sal”. Há cerca de quatro anos mudou-se de malas e bagagens para Loulé e foi aí que nasceu, de forma inesperada, “Selvagem”, um livro de poesia editado pela D. Quixote e que apanhou de surpresa o próprio autor.
Além da apresentação a cargo de Lídia Jorge, no decorrer da sessão Sérgio Sousa fará algumas leituras dos poemas. Haverá ainda uma banca de livros e respetiva sessão de autógrafos.