Hoje pode bem ser, para muitos de nós, o primeiro dia do resto das nossas vidas. São várias as razões que me levam a evocar esta inspiração na frase já batida de uma das músicas de Sérgio Godinho, mas revolvi escolher três para discorrer neste primeiro delírio.
A primeira razão prende-se com o facto de hoje ser o dia, e este o lugar certo, para dar os parabéns ao PORTUGALIS, um projeto de comunicação social online que agora renasce. Disponibilizado ao grande público de forma gratuita, terá como vocação veicular informação turística, cultural, de lazer e bem-estar, tratada de forma independente e pluralista.
A segunda, para evocar esta espécie de ‘day after’ que vivemos neste dia em que se inicia mais um curso político na vida de todos nós, passada que está a eleição democrática de uma Administração determinante na qualidade de vida dos territórios e dos seus cidadãos. Ficam para trás mais umas Eleições Autárquicas que desmudaram em muitas zonas do nosso país o exercício do poder local, com a eleição dos governantes de municípios e freguesias para os próximos quatro anos. E porque há a perceção que as regiões portuguesas competem atualmente para se posicionarem no mundo, sobressai a comunicação, que funciona hoje muito além do público-alvo da Cidade. É parte da gestão pública alcançar uma comunicação global. A comunicação consegue tangibilizar questões de natureza intangível. Esse tipo de comunicação apresenta muitos desafios e os profissionais destas áreas devem mostrar a importância da marca do território para que um local seja percebido como uma opção de interesse de amplos setores.
A terceira e última razão que evocarei é dedicada ao Dia Mundial do Turismo (WTD) que hoje se assinala e que tem como tema, para a edição deste ano, o crescimento inclusivo, promovendo a consciencialização do valor social, cultural, político e económico desta atividade e a contribuição que o setor pode dar para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O turismo tem o potencial de contribuir, direta ou indiretamente, para todos os objetivos, sendo por isso fundamental aproveitar os seus benefícios, para atingir as metas de desenvolvimento pós-2015, nascidas com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Quase espontaneamente, conseguimos verificar que existe de modo claro uma simbiose natural entre as razões e evocações anteriores. Estando nós aqui, num projeto de comunicação como o Portugalis, dedicado à valorização dos “lugares”, ou do “Local” se preferirem, encontramo-nos no epicentro da comunicação política e local. Não política no sentido comum, mas na gestão da promoção dos locais, das cidades, das regiões, dos municípios, como também das pessoas, das culturas, das tradições e do modo como expressamos as suas relações com a realidade circundante. É precisamente nestas áreas que ocorre realmente o fenómeno comunicacional por excelência, porque o conteúdo da mensagem diz respeito ao que afeta diretamente o dia a dia dos cidadãos e dos visitantes que chegam e partem.
Sendo este ou não o primeiro dia de muitos que estão para vir, e com mais ou menos delírios de opinião, aqui fica, nas linhas que me cabem, o meu primeiro retrato da importância da difusão de conhecimentos, experiências e socialização de competências geradas a partir do trabalho desenvolvido nos lugares, nos locais que experienciamos e habitamos. Afinal, agora chega uma nova hora e um novo tempo. Um tempo de reconstrução, de recuperação, numa altura em que temos esperança de ter superado os piores momentos de uma pandemia Covid-19, que em todos os seus efeitos e consequências nos colocou à prova. É, por isso, também um tempo de transformação, de transição, de normalização, de cooperação e de tolerância e em que os desafios que temos pela frente são de dimensão global. Mas o impulso transformador, a capacidade de cuidado e atenção, a origem e o destino de qualquer transição estão no nível local, na condição local e no estado local.
Que os dias sejam então de um novo tempo ambicioso, sólido, estimulante, sustentável e igualitário, e que possamos todos construí-lo com todas as nossas energias, com todas as nossas capacidades e com todos os meios.